Os mais assíduos já devem ter percebido a minha predilecção por Vitor Constâncio, ou melhor, a partir de agora «a pomba». Não interpretem mal, que eu saiba este nosso amigo não assumiu nenhuma preferência homossexual, até porque assumir não faz parte do seu estilo, se não assumiu ter falhado na supervisão da banca não iria fazê-lo acerca da sua vida pessoal...nem queremos, a vida de cada um só a si lhe diz respeito. «Pomba», na gíria das autoridades monetárias é como se classifica o perfil de Constâncio, em suma, existem «pombas» e «falcões», os primeiros são os que defendem o crescimento económico, os segundos preferem combater a inflação através das políticas monetárias. Maluquíces, já na bolsa existem os ursos e os touros.
O mais interessante disto tudo é que a «pomba» vai esvoaçar daqui para fora, e no meio de falcões não atingirá grande altitude, assim podemos ficar descansados, ou não, eu julgo que sim. Existem seis lugares na vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE), quatro são ocupados regularmente por representantes dos estados membros (que aderiram ao euro) mais influentes, Alemanha, França, Itália e nuestros hermanos, os remanescentes dois são uma espécie de dança de cadeiras onde alguns terão de ficar de fora.
Podem existir duas teorias possíveis (pelo menos para mentes brilhantes como a minha) que justificam a nomeação da «pomba» lusitana para o cargo, uma delas será afasta-lo de um cargo importante e de poder para que não possa causar mais estragos à nossa já depauperada nação, a outra pode muito bem ser manter o nível de desempenho da pessoa que vai substituir, o grego Lucas Papademos, como sabemos existem grandes semelhanças entre nós e os Helénicos no que toca a fazer/aldrabar as contas públicas.
As mentes menos brilhantes dirão que tudo não passa de um mero jogo de interesses e a nomeação da «pomba» não é mais que um jogo de conveniências (é o que dizem), Ângela Merkel terá apoiado esta candidatura apenas para possibilitar que no futuro a presidência do BCE, agora ocupada por Jean-Claude Trichet, passe para Axel Weber, em 2011 veremos quem vai se sentar na cadeira. O que é certo, é que se a nossa «pomba» fosse o homem da cadeira a bolha do mercado financeiro nunca teria rebentado...pelo menos que ele desse por isso.
(Fonte: Agência Financeira; Jornal de Negócios)
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