Avózinha (Sim, com acento...)

Maio 19 2009

Perturbador, é no mínimo como posso classificar um documentário que tive oportunidade de ver «num canal perto de si», ou melhor, antes devo confessar que já apanhei o barco a meio da viagem, com muita pena minha pois o programa estava a decorrer quando num frenesim zapiano a minha atenção se ficou por ali numa de «deixa cá ver o que é que estes estão para aqui a dar». E a minha curiosidade foi recompensada.

 

O assunto era uma experiência com 12 voluntários que não sabiam qual o verdadeiro motivo que estava por detrás da sua colaboração. No centro das atenções estava o voluntário e todos os restantes participantes eram meros “actores” conscientes do real motivo do ensaio, assim, à cobaia era entregue a função de questionar através de um comunicador «outro suposto voluntário» que por cada resposta errada receberia um choque, dado pelo inquisidor, por cada desacerto iria aumentado a voltagem até o máximo de 440 volts (o suficiente para matar, segundo o documentário).

 

O inquisidor não consegue visualizar a  suposta vítima dos choques, apenas vai tendo como feed-back as respostas, os gritos, o silêncio ou o que quer que seja manifestado por este. Assim, e à medida que o questionário vai avançando por entre acertos vão surgindo propositadamente respostas erradas de forma a avaliar até onde vai a  crueldade da verdadeira cobaia.

 

9 dos 12 avançaram na experiência indo aumentando a potência dos choques, que se fossem usados na realidade teriam dado cabo do canastro ao hipotético desgraçado que os receberia, apenas 3 se recusaram a prosseguir, mesmo com insistência dos “chefes” para continuarem. As pessoas tinham um ar normal como qualquer cidadão e terminada experiência ao lhes ser explicado o verdadeiro teor desculpavam-se dizendo que se fosse real a responsabilidade não seria delas porque estavam a cumprir ordens, outras sim ficavam um pouco assustadas ao perceber as consequências dos seu actos se a coisa fosse mesmo a valer.

 

Sem dúvida dá que pensar, a forma como é possível levar alguém a matar assim sem mais nem menos, basta recriar o ambiente certo. Pensar que na sociedade onde vivemos a fronteira que nos impede de tirar a vida a outrem ser tão ténue, pior que isso, a maioria está disponível para fazê-lo. Fiquei a pensar de que lado da estatística estaria eu se lá estivesse, se reduziria o valor da vida humana a tão baixa medida se apenas alguém me estivesse a dizer para o fazer.

 

(Se calhar a vida humana vale mesmo pouco ou nada, ou não fosse assim tão fácil decidirmos acabar com a de outros por dá cá aquela palha. Não sou eu que digo, são os factos.)

 

Inté

publicado por Avózinha às 23:49

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