Não me considero um crítico de cinema mas sei do que gosto e se, finda a película, me agradou ou não. Quando era puto e ainda apenas existia a RTP lembro-me perfeitamente daqueles westerns que passavam à tarde onde John Wayne e companhia arrasavam com tudo o que era índio ou malfeitor, e terminada a cavalgada com o sempre «The End» era tempo de sair para a rua e brincar com a vizinhança da minha idade.
Uma matiné destas era sempre acompanhada de brincadeira a condizer, uma espécie de sequela da história acabada de ver na televisão. Aí sim, se uns aparentavam mais ar de cowboys (com um coldre de cada lado, pistolas de fulminantes quase à séria e por vezes até um chapéu ao estilo do Texas) outros nem por isso. Confesso que a minha pistola de fulminantes que tiveram tanto bom senso de me oferecer, era muitas vezes preterida por uma feita por mim na hora, essa sim, fabricada de um “qualquer” caco de tijolo e personalizada mesmo à medida dos meus dedos...e fácil de arranjar, o resto eram efeitos especiais onde cada um teria de fazer o som do seu cavalo (cascos e relincho) e claro, os disparos (com ricochete e tudo). Depois «crescemos» e vamo-nos tornando naquilo que vulgarmente chamamos adultos, eu cá tenho a minha opinião se é pior ou melhor, cada um terá a sua.
Ao ver o filme «Slumdog Millionaire» não me deu para vir para a rua fazer traquinices nem construir um WC de onde pudesse ver parte do meu interior a despencar do alto do trono (quem viu o filme sabe o que estou a falar). Mas fez-me pensar nalgumas coisas, vou deixar de lado a análise social «para quem tem estudos» como diz um amigo meu, e centrar-me naquilo que muita gente se preocupa na vida, em dar respostas às perguntas que se nos vão deparando na vida.
No filme, o personagem principal (que não possui grande conhecimento de cultura geral, mais ou menos como eu) está no concurso «Quem quer ser milionário» e às perguntas que vão surgindo ele encontra as respostas em episódios passados ao longo da sua ainda curta existência. Excepção a duas perguntas em que ele não faz ideia da resposta, mas aí a sua intuição trata de resolver o problema. Com senso comum e intuição o rapaz resolve a contenda a seu favor e ganha os 20 milhões...mas ele só lá foi para que o amor da sua vida o pudesse encontrar e ele a ela.
Eu acredito que ao longo dos anos vamos recebendo lições que bem aproveitadas podem nos dar respostas às questões do presente que nos vão influenciar o futuro, as respostas certas de preferência, noutras teremos de usar a intuição e esperar acertar. Importante será sem dúvida sabermos quando parar para não perdermos tudo num lance e ter de recomeçar de novo. Mas uma lição bem estudada e aplicada na altura certa, pode ser mais de meio caminho andado.
Inté